Túnel Santos-Guarujá: Acciona e Mota-Engil entregam propostas em concorrência internacional

Sessão pública de entrega de envelopes, que reuniu empresas de capital espanhol e português, foi realizada na sede da B3, em São Paulo; licitação vai definir consórcio responsável pela obra e pela operação do sistema

ALEXANDRE PELEGI

O projeto do túnel submerso que vai ligar Santos ao Guarujá deu mais um passo importante nesta segunda-feira, 1º de setembro de 2025. Foi realizada, na sede da B3, em São Paulo, a sessão pública de entrega de envelopes da concorrência internacional que vai definir o consórcio responsável pela obra e pela operação do sistema.

Logo no início da manhã, os dois interessados entregaram suas propostas: a Acciona Concesiones, da Espanha, protocolou seus documentos às 10h02; e, um minuto depois, foi a vez da Mota-Engil Latam Portugal.

A análise formal das garantias de proposta (Envelope B) será divulgada no dia 4 de setembro de 2025.

A sessão pública de abertura das propostas de preço (Envelope C) e dos documentos de habilitação (Envelope D) do licitante mais bem classificado está marcada para o dia 5 de setembro de 2025, às 16h, na B3.

Quem são os concorrentes

  • Acciona Concesiones, S.L. – Grupo espanhol com sede em Madrid, especializado em infraestrutura e energia. Atua em diversos países da Europa, América Latina e Oriente Médio. No Brasil, já participou de grandes obras, como a Linha 6-Laranja do Metrô de São Paulo, e tem experiência no modelo de parcerias público-privadas (PPPs).

  • Mota-Engil Latam Portugal S.A. – Braço latino-americano do grupo português Mota-Engil, fundado em 1946 em Portugal e com forte presença internacional, especialmente na África e América Latina. No Brasil, a companhia já executou projetos de infraestrutura rodoviária e de construção pesada, atuando também em concessões de transporte e logística.

A obra

O túnel Santos-Guarujá é considerado um dos projetos de mobilidade mais aguardados do Estado de São Paulo. A travessia terá cerca de 860 metros de extensão, construída pelo método “túnel imerso”, em que blocos pré-moldados de concreto são afundados e conectados no fundo do estuário.

Além da passagem de carros, caminhões, bicicletas e pedestres, o túnel será dimensionado para receber também o transporte coletivo. A previsão é que ele possa abrigar linhas de ônibus metropolitanos e integrar o VLT da Baixada Santista, criando uma conexão direta entre Santos e Guarujá que hoje só é possível por balsa ou pelo longo trajeto pela rodovia Anchieta/Imigrantes.

A expectativa é de que a obra reduza o tempo de travessia para menos de 2 minutos de carro e garanta mais regularidade e segurança ao transporte coletivo, que hoje sofre com filas e atrasos no embarque das balsas.

Comissão e credenciamento

A sessão foi conduzida pela Comissão de Contratação, presidida por Santi Ferri e composta por outros seis membros. Coube a eles receber os envelopes, verificar a documentação de credenciamento e confirmar os representantes legais das empresas.

Pela Acciona, participaram André Lima de Angelo e Ricardo Sanchez de Souza. Já a Mota-Engil foi representada por Bruno Cláudio Paulo Rodrigues e Rui Alexandre Dias Caetano, além da Galápagos Capital, que entrou como participante credenciada.

Propostas sob custódia

Os envelopes com as propostas de preço e os documentos de habilitação foram lacrados em malotes numerados e levados ao cofre da própria B3. Eles só serão abertos na sessão marcada para o dia 5 de setembro, às 16h.

Garantia de R$ 68 milhões

Ainda durante a sessão, foram abertas as garantias de proposta. As duas empresas apresentaram seguros no mesmo valor: R$ 68,1 milhões.

* A Acciona contratou apólice da Pottencial Seguradora

* A Mota-Engil apresentou apólice da Avla Seguros Brasil

Esses documentos agora passam por análise, e o resultado da validação será divulgado no próximo dia 4 de setembro.

Se tudo correr como previsto, a definição da proposta vencedora para o túnel que promete transformar a mobilidade – tanto individual quanto coletiva – entre Santos e Guarujá acontecerá já no início de setembro.

Alexandre Pelegi, jornalista especializado em transportes

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